Quando se fala em grandes oportunidades aos pecuaristas a recria a pasto é sempre
uma das possibilidades mais interessantes para monetizar mais ainda a sua produção, além é
claro dos benefícios trazidos por ela para a próxima fase, a fase da engorda ou terminação. Ela
encurta o sistema produtivo através da eliminação de parte dele, finalizando-se com a venda
ou transferência do animal para um sistema de acabamento confinado.

Na comparação com um sistema de ciclo completo pode se ter a falsa sensação de um
rendimento bruto mais inferior, uma vez que o resultado por animal acaba sendo ligeiramente
mais baixo. Porém quando avaliados vários fatores, a recria a pasto possibilita um maio giro de
estoque, o que acaba por compensar esse menor ganho por animal quando se tem uma visão
ampla de rebanho. Tem de se levar em conta também os fatores de mercado e sua variação de
região pra região.

Pensando em capital financeiro da propriedade, a recria a pasto tem uma capacidade
de geração de dividendos maior, desde que levados em consideração estudos de viabilidade
técnico-financeira, manejo dos animais, manejos de pastagens, custos de oportunidade, etc. É
aí que entra a assistência técnica, onde ela vai viabilizar os maiores ganhos possíveis dentro
desses fatores através de tomadas de decisões com embasamento técnico-científico visando
alcançar o máximo potencial de ganho.

Não só financeiros são os benefícios desse sistema, além disso, ele exige uma menor complexidade e gera outros benefícios, como por exemplo: através de uma lógica simples, podemos avaliar o ganho de peso dos animais quando se aprimora a recria a pasto. Durante o ciclo completo, o animal deve apresentar um ganho de peso na ordem de aproximadamente 350 kg; do desmame (180 kg) ao abate (530 kg). Com um
recria a pasto bem definida e concretizada, ganhos de altas magnitudes são possíveis, sobrando para a fase de confinamento apenas o acabamento final do animal.

Segundo dados da ESALQ/USP, os bovinos confinados do Brasil ficam de 70 a 80 dias nessa condição, o que corresponde a menos de 10% dos nutrientes ingeridos pelo animal, e mesmo assim é nesse período que ocorrem os maiores custos/animal/dia de um sistema produtivo.

A recria a pasto quando bem conduzida trás um eficiência produtiva alta, o que
possibilita aumentar em até duas vezes mais o giro de estoque, acelerando o ganho de peso
nessa fase e tornando a propriedade mais versátil em relação ao mercado externo tendo
sempre animais disponíveis para venda ou para trabalhar dentro da própria propriedade caso
essa possua um confinamento para terminação. Aumentando o volume de vendas nas
categorias e otimizando o resultado do negócio. Quando se fala em versatilidade de mercado,
temos que observar o crescente mercado da exportação de carne para países como a China
por exemplo.

A demanda crescente faz com que animais cada vez mais jovens sejam abatidos
(o boi-China como é chamado é abatido com no máximo 30 meses) e a melhor forme de
aproveitar esse nicho específico de mercado é encurtando ou aperfeiçoando a recria, já que na
terminação a margem para reduzir o tempo nessa fase é menor. Já em relação ao mercado interno, o crescente desenvolvimento do mercado da carne Premium segue o mesmo viés de
abate de animais jovens, reforçando a ideia de melhorar a fase da recria.
Outro benefício de uma recria bem feita é o aumento da capacidade de suporte da
propriedade. Em geral, os bovinos consomem de 2,5 a 3% do seu peso vivo em forragem.

Utilizando de artifícios técnicos como um bom manejo de pastagens e de rebanho, a taxa de
acúmulo dessa pastagem é incrementada, produzindo uma maior massa de pastagem por
período de tempo. Como o rebanho da recria é mais leve que da engorda, pode-se suportar
em torno de 35% a mais de animais na mesma área para essa categoria especificamente.

Lembrando que fatores produtivos fundamentais na produção de pasto devem ser
respeitados, como por exemplo, planejamento forrageiro, manejo de pastagens e todos com
amparo técnico.

Um maior giro de estoque aliado ao aumento da capacidade de suporte da propriedade impacta positivamente nos resultados.

Quanto mais você se qualifica e se especializa na atividade seja ela recria, terminação
ou ambas, mais fácil é a operacionalização dos processos e, consequentemente a gestão deles.
Dessa forma, a visibilidade de resultados fica mais clara, impulsionando mais os ganhos,
alavancando os lucros.

Mas se eu me especializar em recria a pasto vou ter maiores lucros na minha
terminação em confinamento? A resposta é sim! A recria é uma das fases mais longas, mais
complexas, e também a mais importante dentro do sistema produtivo. E o confinamento que
inicialmente era utilizado para compra de animais nos períodos de entressafra, é encarado
atualmente com parte do sistema produtivo e também como uma forma de aumentar a
qualidade da carne, através da redução da idade de abate. Os confinamentos tem papel
fundamental para o Brasil adentrar em mercados específicos de venda. Porém o preço pago
por animais confinados ainda apresenta um diferencial pequeno. Sendo assim a associação da
recria a pasto e o confinamento amplia esse diferencial, aumentando o poder de negociação e
ampliação de lucros através do oferecimento de carnes com alta qualidade e baixo custo de
produção na fase de recria.

A recria bem realizada irá desencadear uma série de benefícios, como o aumento do
giro de estoque, maior flexibilidade de comercialização e vendas, aumento da capacidade de
suporte da propriedade e incremento dos lucros.

Acompanhado de um embasamento técnico especializado, a complexidade dessa fase
de produção é reduzida, aumentando a lucratividade de uma forma mais segura, menos
arriscada e gerando bons índices zootécnicos e resultando em grandes satisfações.